BIOGRAFIA


• Iniciou suas atividades artísticas no final da década de 70, nas áreas de artes gráficas, publicidade e música, participando de vários festivais de MPB, ganhando inclusive 1º e 4º lugares no Festival FORB 80. Em 1980 entra na Orquestra Harmônicas de Curitiba, na qual atua durante 2 anos como músico.

• Em 1981 funda, com René Gil, seu primeiro mestre no teatro, o Grupo Fantasia, iniciando-se na área teatral.

• De 1981 a 1991 participa ativamente da vida artística curitibana, atuando com teatro, ópera, mpb, cinema, literatura, artes plásticas, além de atuar em política cultural, sendo membro de diretorias de entidades ligadas à cultura. Em 1992 funda a Companhia de Teatro Cultrún, juntamente com o diretor chileno Pedro Dubó Guzmán, desenvolvendo vários trabalhos de pesquisa teatral e de radioteatro.

• De 1991 a 1994 foi professor de Artes Cênicas e Diretor Teatral da Sociedade Educacional Positivo, tendo desenvolvido trabalho junto às oficinas de teatro e grupos teatrais, além de várias montagens de peças teatrais e eventos culturais.

• Desde 1994 tem desenvolvido uma ampla atividade no mundo artístico, tendo montado muitos espetáculos como CURI-TIM A LENDA DE CURITIBA, ópera de sua autoria juntamente com o maestro Edilberto Vasconcelos, considerada a primeira ópera infantil do Brasil, além de vários musicais infantis, programas de TV, rádio, cinema, vídeos-arte e peças teatrais, além de ministrar cursos e oficinas culturais diversas.

• Em 1998 e 1999 foi professor da Academia de Cinema de Curitiba – Artcine, tendo lecionado as disciplinas de Interpretação, Artes Cênicas, Direção de Atores,
Projetos Culturais, além de ter sido Coordenador de Atividades Práticas da Academia.

• Em 1998 fundou o grupo ÊXEDRA – Pesquisa e Experimentação Teatral, do qual é Diretor até hoje, explorando temas científicos, filosóficos e espiritualistas nos seus espetáculos. Deste grupo surgiu o espetáculo “Aos Poucos Ouvidos Moucos que Virão Falaremos um Pouco da Nossa Escuridão”, que versa sobre a Física Quântica.

• Iluminador Profissional, ganhou vários prêmios de Iluminação em Pernambuco, Bahia, Curitiba, entre outros.

• Como artista plástico já realizou mais de 30 exposições , entre individuais, coletivas e salões oficiais.

• Em 2004 ganhou dois prêmios, Melhor Direção e Melhor Espetáculo no II Festival de Esquetes do Sesc Água Verde.

  • Em 2009 fundou o Grupo de Estudos Brechtianos - GE'BRECHT, com apoio do Goethe Institut de Curitiba, visando estudar e praticar as teorias teatrais de Bertolt Brecht, no teatro e no cinema.

• Como radialista atuou durante 03 anos na Rádio Educativa do Paraná, apresentando os programas Rotação Cultural, Coisas da Vida e Curitiba Agora, além de ter trabalhado no Nucleo de Radiodramaturgia da rádio, realizando especiais para rádio como Curitiba de Todos Nós, Narrando Dalton Trevisan, entre outros.

Destacam-se de sua atuação

LOUCURA – PATRIMÔNIO UNIVERSAL DA HUMANIDADE – peça teatral adaptada da obra Elogio da Loucura de Erasmo de Rotterdam, apresentada em 2000/2001 em Curitiba.

B.B. O BIRULENTO – peça teatral sobre a vida e obra de Bertolt Brecht, apresentada de 1997 a 1999 no Teatro Guaíra, Teatro Sesc da Esquina, Teatro Novelas Curitibanas e outras cidades.

O DISCURSO DA AMÉRICA – lançada no Festival de Teatro de Curitiba, em 2004.

AOS POUCOS OUVIDOS MOUCOS QUE VIRÃO FALAREMOS UM POUCO DA NOSSA ESCURIDÃO, peça teatral sobre física quântica, 2000 a 2002 em Curitiba.

NARRANDO DALTON TREVISAN, espetáculo com obras do escritor curitibano Dalton Trevisan, apresentado em 2002/2003 no Solar do Rosário e no Hermes Bar.

ÁLIBI – peça teatral apresentada em 2002 e 2003 no Hermes Bar, em Curitiba.

PROJETO COISAS DA VIDA – Criação da sonoplastia de 30 histórias de radioteatro, apresentado na Rádio Educativa do Paraná, no ano de 2002 e 2003.

CURITIBA DE TODOS NÓS - Criação da sonoplastia de especial para radioteatro sobre a cidade de Curitiba, apresentado na Rádio Educativa do Paraná, em 2001.

Como Ator, já participou de muitos trabalhos nas áreas de cinema, vídeo, teatro, TV, rádio, destacando-se sua atuação como protagonista no especial para TV “Angústia”, baseado na obra de Graciliano Ramos, veiculado na TV CNT em 1998, sob a direção de Peter Lorenzo. Atuou no filme “O Guardião da Rua Nove”, sob a direção de Eduardo Sigaud, desempenhando o papel-título.

Na Literatura, participou em 1991 o livro “Contos e Encontros”, coletânea de contos paranaenses, com Maria de Lourdes Néias Ferrenti, Nohêmia S. Lima, Anilce B. R. Goreski, Clorides O. Marques, supervisionado pelo escritor Deonísio da Silva, pela Editora Lítero-Técnica, de Curitiba. Em 2003 editou o livro infanto-juvenil “NO MUNDO DOS SERES DIÁFANOS”, pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura, com o incentivo fiscal da Siemens e da Clinihauer. Em 2004 lançou o livro “O ALEIJÃO CEREBRINO – CRÕNICAS DO SER LACERANTE”., livro de crônicas filosóficas, juntamente com a peça teatral “Crônicas do Ser Lacerante”. Em 2005/2006 lançou “PEQUENO PERFIL CURITIBANO”, livro de contos inéditos. Em poesia, escreveu “Luzio de Murmúrios”, inédito.

Na Dramaturgia, Jul Leardini é autor de várias peças teatrais, entre elas: ID – O Substrato de um Ser, - Comunhão Latina - Aos Poucos Ouvidos Moucos que Virão Falaremos um Pouco da Nossa Escuridão -, além de adaptações de obras literárias diversas como Elogio da Loucura, de Erasmo de Roterdam, B.B. O Virulento, de Bertolt Brecht, entre outras.

No Cinema, roteirizou, com Paulo Blitos, o curta-metragem “Atrás das Grades”, produziu o filme “Vovo vai ao supermercado”, ganhador de vários prêmios, entre eles o Prêmio Kikito, no Festival de Gramado-2004 (melhor interpretação Lala Schneider), para TV “Síndrome”, para vídeo “Ser” , “A Coisa”, “Sou um Artista”, e fez preparação de atores e casting para o filme “Um Corpo Caiu”, de Valdemir Milani, além de várias outras participações em Cinema e Vídeo.

• Em 2008 lançou seu CD “Misuka”.

• Atualmente, é diretor do grupo Êxedra – Pesquisa e Experimentação Teatral, além de ministrar cursos, oficinas e palestras.

• É graduado e licenciado em Filosofia pela UFPR e discente em Cinema e TV pela CineTV-PR.

PRESTANDO CONTAS DAS ATIVIDADES NA ÁREA DE POLÍTICAS CULTURAIS

Jul Leardini foi eleito em 2012 para o CONSEC - Conselho de Cultura do Paraná, para atuar até 2014, participando das decisões da política cultural para o nosso Estado.

Ao longo deste período, destaca-se de sua atuação:

1. Participou de todas as reuniões, ordinárias e extraordinárias;

2. Atuou em Grupos de Estudos - GTs, como: Pesquisa e Criação do Plano Estadual de Cultura do Paraná, Pesquisa e Criação do Sistema de Informações Culturais do SEEC, entre outros;

3. Participou de Conferências de Cultura, visando aprimorar a discussão das políticas culturais no Estado do Paraná;

4. Propôs assinatura de petição pública de todos os integrantes do CONSEC visando a aprovação da PEC 150, que foi encaminhada aos nossos políticos, representantes do Paraná, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, para conseguirmos aumento de verbas diretas para a Cultura, a nível municipal, estadual e federal;

5. Dias 21 e 22 de setembro de 2013, esteve como delegado em Guarapuava, trabalhando na III Conferência Estadual de Cultura, atuando como coletor de sugestões para a criação do Plano Estadual de Cultura do Paraná;

• 6. No dia 23 de setembro de 2013, em Guarapuava, participou de mais uma reunião ordinária do CONSEC - Conselho de Cultura do Paraná.

7. Atuou de setembro/2013 a julho/2014 na construção do PEC-Plano Estadual de Cultura, junto com vários colegas do CONSEC, SEEC, entre outras pessoas. Sua atuação no CONSEC finalizou em julho/2014, sendo indicado pelo CONSEC para atuar no COMPELLL.

8. COMPELLL - Desde outubro de 2014, tem atuado como membro efetivo do COMPELLL - Comitê do Plano Estadual de Literatura, Livro e Leitura, cujo objetivo é estudar, finalizar e incentivar a prática a Lei Estadual de Literatura, Livro e Leitura.

EMBAIXADOR DA PAZ

Em dezembro de 2015, Jul Leardini foi investido com o título de Embaixador da Paz, pela sua atuação com o pensamento pacifista.


LITERATURA

CONTOS E ENCONTROS – Contos de escritores paranaenses. Tiragem esgotada. Pode ser encontrado na Biblioteca Pública do Paraná.


NO MUNDO DOS SERES DIÁFANOS – Conto infanto-juvenil ilustrado por Laércio Leardini. Á venda nas Livrarias Curitiba e com o autor. R$ 10,00.






CRÔNICAS DO SER LACERANTE – Crônicas escatológicas de Aurido Luz e seu alter-ego. Á venda nas Livrarias Curitiba e com o autor. R$ 5,00.






PEQUENO PERFIL CURITIBANO – Contos diversos. Á venda nas Livrarias Curitiba e com o autor. R$ 10,00.

MÚSICA


CURI-TIM A LENDA DE CURITIBA – Ópera infantil com música e história, que conta a história do surgimento da cidade de Curitiba, do ponto de vista dos nativos. Tiragem esgotada. Pode ser encontrado na Biblioteca Pública do Paraná.


MISUKA – CD musical e teatral, com músicas e história. É a história de um lavrador que vem para a cidade e se perde com a família, virando indigente. Encontra um pensador que o leva à consciência de si como cidadão. Á venda nas Livrarias Curitiba e na Livraria Dario Vellozo no Largo da Ordem ou com o autor. R$ 15,00.

ÊXEDRA

PESQUISA E EXPERIMENTAÇÃO TEATRAL

Fundado em 1998 por Jul Leardini, o grupo ÊXEDRA – Pesquisa e Experimentação Teatral explora temas científicos, filosóficos e espiritualistas nos seus espetáculos. Deste grupo surgiu o espetáculo “Aos Poucos Ouvidos Moucos que Virão Falaremos um Pouco da Nossa Escuridão”, que versa sobre a Física Quântica e “Loucura – Patrimônio Universal da Humanidade”, baseado na obra Elogio da Loucura, do filósofo holandês Erasmo de Rotterdam.





DRAMATURGIA

OBRAS JÁ REALIZADAS:

ID - O SUBSTRATO DE UM SER – peça teatral para jovens. Direção de Jul Leardini - Teatro Guaíra e Teatro Positivo – 1991

O CIRCO DA POESIA – Espetáculo poético com poesias de Helena Kolody. Direção de Chico Pennafiel - Teatro da Reitoria da UFPR – 1993

O REI SAPÃO NO REINO DO DRAGÃO – Musical infantil. Direção de Jul Leardini - Teatro Positivo – 1990

O ESTRANHO NA FLORESTA – Musical infantil. Direção de Jul Leardini - Teatro Sesc da Esquina e Teatro Positivo – 1992

CURI-TIM - A LENDA DE CURITIBA – Ópera infantil. Direção de Jul Leardini - Grande Auditório do Teatro Guaíra, Teatro Positivo e Rua 24 Horas - 1993 e 1996

UM DIA INTEIRO – Musical infantil. Direção de Jul Leardini - Teatro Positivo – 1990

CURITIBA - 300 ANOS – A história de Curitiba em radioteatro de rua. Direção de Pedro Dubó Guzman - vários teatros e praças – 1992 e 1993

DOCIDADE – espetáculo de dança e teatro juvenil. Direção de Jul Leardini - Teatro Sesc-Esquina – 1992

PAPAI NOEL MORA NO CÉU – Espetáculo cênico-musical de Natal. Escrito para o Coral Curumim – Dirigido por Jul Leardini – Teatro Guairinha/1995

BALADAS E CANTIGAS DE AMOR, GUERRA E SAUDADE – Peça teatral adulta. Direção: Salete Cercal – Teatro Fernanda Montenegro/2002

CURITIBA DE TANTOS NÓS – Especial para radioteatro. Dirigido por Jul Leardini na Rádio Educativa do Paraná FM/AM, 2000

AOS POUCOS OUVIDOS MOUCOS QUE VIRÃO FALAREMOS UM POUCO DA NOSSA ESCURIDÃO - Peça teatral sobre Física Quântica. Dirigida por Jul Leardini, de 1999 a 2002, em vários teatros

B.B. O VIRULENTO – Peça teatral adulta. Direção de Jul Leardini – Encenada em vários teatros, 1997, 1998 e 1999

LOUCURA – Peça teatral adulta adaptada da obra de Erasmo de Rotterdam. Dirigida por Jul Leardini – Vários teatros, 2001

ARTE NAIF - Texto de Performance em Homenagem ao Dia do Índio. Dirigida por Jul Leardini 1999 no Curitiba Trade Center

O DISCURSO DA AMÉRICA – Peça teatral adulta. Dirigida por Jul Leardini no Teatro da Classe, Festival de Teatro de Curitiba, 2003

CRÔNICAS DO SER LACERANTE – Peça teatral adulta. Dirigida por Jul Leardini, Teatro A. C. Kraide, Festival de Teatro de Curitiba, 2004

OBRAS INÉDITAS:

• SÍNDROME - A LEI DO AMOR – Peça teatral para jovens sobre Aids.
• COMUNHÃO LATINA - Peça teatral adulta.
• ESQUIFE DO FÊNIX MORIBUNDO - Peça teatral adulta.
• TURMINHA DA FAZENDA (TV) - Programa infantil de televisão.
• PACTO DA MEDIOCRIDADE - Peça teatral adulta.
• Ó DO BOROGODÓ – Peça teatral infantil.
• ÁLIBI - Roteiro cinematográfico longa-metragem.
• SÍNDROME - Roteiro cinematográfico curta-metragem.

CINEMA & AUDIOVISUAL

OBRAS JÁ REALIZADAS:

CORTINAS AZUIS - Curta-Metragem de Animação produzido pela Fundação Cultural de Curitiba - 1982 (participou do Festival de Gramado - Mostra Animação-1983)

SOU UM ARTISTA - Vídeo-Arte – 1993

A COISA - Vídeo-Arte, sobre o poema “Eu, Etiqueta” de Carlos Drummond de Andrade, produção de Távola Redonda Prod. Artísticas Ltda - 1995 - Classificado no Salão Curitiba Arte 11 e apresentado no Centro de Convenções de Curitiba – 1995

SER - Vídeo-Arte – Classificado na Mostra Cinemateca, 2003

2084 – Filme trash, 2005 (Ator)

GRÁVIDA, PORÉM VIRGEM – Vídeo-Fotonovela, 2006 (Roteiro)

VOVÓ VAI AO SUPERMERCADO - Curta-metragem 35 mm (Diretor de Produção)

UM CORPO CAIU - Curta-metragem 35 mm (Casting e Preparação de Atores)

O GUARDIÃO DA RUA NOVE - Curta-metragem 16 mm (Ator)

BLADE RUNNER - Experimento cinematográfoco (16mm) dirigido por Valêncio Xavier/Edição: Mauro Alice - Sec. Est. Cultura/PR – 90 (Ator)

ANGÚSTIA - De Graciliano Ramos. Atuou como protagonista. Filme para TV, Programa Gabarito, exibido na CNT em 11/99. Direção: Peter Lorenzo

TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA - De Lima Barreto. Atuou como Direção de Atores e ator coadjuvante. Filme para TV, Programa Gabarito, exibido na CNT em 11/99 . Direção: Peter Lorenzo

JOSÉ - De Carlos Drummond de Andrade. Atuou como Direção de Atore, 1998. Direção: Peter Lorenzo

O BUROCRATA - De Osman Lins. Filme para vídeo (Betacam). Atuou como protagonista. Supervisão de Direção: Percy Tamplin. 1998

NA LOJA DE GUARDA-CHUVAS - De Karl Valentin. Filme curto em vídeo (Betacam) Atuou como protagonista. Supervisão de Direção: Percy Tamplin. 1998

ATITUDE SUSPEITA - De Luíz Fernando Veríssimo. Filme para vídeo (Betacam). Atuou como protagonista. Supervisão de Direção: Percy Tamplin. 1998

O PARAÍSO DO FERNANDINHO - Crônica-Filme em vídeo (Betacam) baseado na crônica de Jamil Snege. Atuou como protagonista. Supervisão de Direção: Percy Tamplin. 1998

O BEIJO NO ASFALTO - De Nelson Rodrigues. Atuou como Direção de Atores. 1998. Direção: Peter Lorenzo

TV PAULO FREIRE – CURITIBA – Programa Escrevendo o Mundo - Protagonista e âncora do programa educativo e participações em outros quadros – 2006

VINHO SANGUE– CURTA-METRAGEM- Protagonista e supervisor geral - produção - Espaço de Arte – 2008

OBRAS INÉDITAS:

• ATRÁS DAS GRADES - Roteiro cinematográfico curta-metragem
• ÁLIBI - Roteiro cinematográfico longa-metragem
• SÍNDROME - Roteiro cinematográfico curta-metragem

POESIA

CURITIBA

Curitiba, Cidade-Sorriso escondido
Pelo frio do inverno pungido
Pelas dores do mundo torcido

Curitiba dos imensos pinheirais
Que enfeitavam nossa vida,
Que matavam nossa fome
E que já não se vêem mais

Curitiba de anteontem
Que iluminava o sul,
Cafunchando a terra fofa
Ali, eu via a Gralha-Azul

Curitiba da Polaquinha
Do Dalton Trevisan
E da bala Zequinha

Curitiba do Centro Cívico
Dos rios Ivo e Belém,
Da rua Riachuelo ao Passeio Público
Um socorro que não convém

Curitiba do Palácio Avenida
E da ex-favela da Vila Pinto,
Da Catedral Metropolitana
E de todas as dores que sinto

Curitiba de Jaime Lerner e da Cidade Industrial,
Da Helena Kolody e do Cardoso-Poenau,
De Paulo Leminski e da Fundação Cultural

Curitiba das velhas mazelas
Das noites frias e silentes,
Do olhar vago das “senhoras”
Da Praça Tiradentes

Curitiba da Rua das Flores
Dos parques Barigüi e Iguaçu,
Da Rua Vinte e Quatro Horas
E do “passu Japiassoca-Açú”

Curitiba do Articulado e do Ligeirinho
Da Boca Maldita e seu burburinho
E do Capuccino no Senadinho

Curitiba dos portugueses e espanhóis,
Dos alemães, italianos e poloneses,
Dos japoneses, turcos e mongóis
E dos judeus, ucranianos e franceses... E os Brasileiros?

Onde estão os seus filhos primeiros?
- Não me prendam, preciso falar! –
Restolho da barbárie enfurnada,
Diz, onde está aqui o nosso lugar?

Pinheiros de Curitiba, onde estão?
Onde estará?
Pinheiros de Curitiba, onde estão?
Onde estará?... Todo o nosso povo?

Curitiba!!
Onde está a Gralha-Azul?
E os pinheirais?
Os nossos rios, as nossas matas e os animais?

Nhanderú! Nosso Pai!
Proteja teus filhos
Que se perderam no caminho,
Já não sabem mais!...

Meu Paiquerê!
Abre as portas para os filhos teus
Que cansaram de viver
Nesta terra de humilhações e covardia.
Que o nosso povo cresça
Lá no alto como deveria
Ter crescido aqui,
Nesta Terra dos Pinheirais.

Curitiba!!

Taki-Keva!

Era aqui o nosso lugar!


(Poema extraído da peça “Curitiba 300 Anos” de autoria de Jul Leardini)

FILOSOFIA

O problema da percepção originária
Ensaio Filosófico de Jul Leardini
(Texto base: A Dúvida de Cézanne – Merleau-Ponty)

          Quando Merleau-Ponty coloca a existência de uma percepção originária que já se constituiria numa criação, numa expressão, e que ao tentarmos expressá-la novamente, haveria duas expressividades em jogo, me acorre ao pensamento que, na realidade, nesse fenômeno, deve haver três expressividades em jogo e não apenas duas. Vamos tentar aqui mostrar o porquê.

“Quando Cézanne pinta uma maçã, não pinta o exterior da maçã,
pinta a maçã com sua carne, pinta seu diálogo com as outras maçãs,
seu lugar na composição." (1)

          Cézanne olhava para a paisagem e para os objetos e queria ver mais do que um homem condicionado pelo olhar morto vê. Ele queria ver o mundo, queria sentir o movimento das células, dos átomos, da vida em constante mutação e, tarefa impossível para um meio quase estático que é a tela, jamais conseguiu plenamente.

          Como um homem conseguirá ver todo o gérmen que movimenta a vida e depois paralizá-lo numa tela? Talvez seja o mesmo problema transcendental que teria levado Van Gogh ao desespero, à alucinação e fatalmente à morte prematura. Querer ver mais do que se pode ou do que se consegue, pode ser esse o paradigma de artistas deste jaez.

          A esquizoidia de Cézanne pode ter muito a ver com essa busca de um olhar que capte a manifestação primeira da natureza, o impulso primordial que a anuncie aos olhos do pintor em sua forma essencial, rude, quase grotesca, desnudada à percepção atenta e singela de um pintor que busca se colocar na mesma freqüência dessa manifestação primeva, que não foge do ritual de preparar o olhar, o pensamento, a percepção e o corpo para deslindar essa anunciação que se faz presente com toda a sua pujança e autenticidade, como um médium que se coloca à disposição das entidades para servir de instrumento físico para a transmissão da mensagem.

          Mas creio que para Cézanne apenas isso não o satisfaria. Ele queria se inserir nesse movimento do mundo e da natureza e, ao mesmo tempo que servia como instrumento de anunciação e transmissão desse mundo aos olhos do homem, estaria também inserido nele, participando, sentindo, gozando, satisfazendo-se na mediação e no ato em si de viver a manifestação do mundo através da sua palheta e de seu pincel.


“A partir do momento em que o homem se serve da linguagem para estabelecer uma relação viva consigo mesmo ou com seus semelhantes, a linguagem não é mais um instrumento, não é mais um meio, ela é uma manifestação, uma revelação do ser íntimo e do elo psíquico que nos une ao mundo e aos nossos semelhantes”. (2)

          Quando observamos o quadro “Cerejas e pêssegos”, de Cézanne, verificamos que a perspectiva clássica do quadro é rompida diversas vezes. Percebemos aqui, claramente, a tentativa do pintor de materializar os objetos, de dar voz a eles, para que eles se anunciem e nos falem de si mesmos, comuniquem a nós a sua existência, a sua força, a sua pujança, a sua vida, o seu “dentro” e o seu “fora”, proporcionando um diálogo entre as cerejas e os pêssegos, um diálogo dessas frutas com a toalha, com a mesa, com o vaso, com o fundo e, evidentemente também, com o observador que os colocará no mundo a partir da manifestação secundária do pintor ao pintar o quadro, uma vez que a manifestação primeira já se teria realizado simplesmente pela existência dos objetos em si.

“Cézanne não sente desejo de viajar. É um camponês, culto, mas camponês. Volta para sua terra, ama Provence, que lhe dá a força de sua luz e que recorta as formas. Seu mar é plano, terroso. É matéria. Cézanne pinta a matéria, faz a realidade entrar na pintura" (3)

          Do mesmo modo, quando nos deparamos com “A Montanha Sainte-Victoire, vista de Bibémus”, observamos a força da matéria nas pedras ocre-avermelhadas, não apenas insinuando-se aos nossos olhos, mas querendo tomar conta do nosso olhar, nos falando de sua existência, de sua pulsação e de sua vida ativa.

          Merleau-Ponty, em “A Dúvida de Cézanne”, anuncia um paradoxo na obra de Cézanne, o qual, partindo da impressão imediata da natureza, buscaria sua realidade, sem, no entanto, abandonar a sensação obtida no momento do contato com a natureza. Pergunto: Como fixar a realidade sobre a tela se não conseguirmos abandonar as sensações que nos impulsionaram a pintar, por segundos que sejam, para que seja possível transpor essas sensações com o pincel e as tintas para o meio palpável?

          Vejo que esse dilema é básico para se entender o quadro “A Montanha de Sainte-Victoire, vista dos Lauves”, onde o pintor parece ter se entregado ao “caos das sensações”, como diria Merleau-Ponty, porque nessa obra Cézanne, através de manchas de cor, representa a paisagem várias vezes retomada, de uma forma mais livre e quase abstrata, abandonando as três dimensões e unindo, na parte esquerda do quadro, o céu com o primeiro plano, acentuando o caráter bidimensional da obra pictórica. As tonalidades quentes parecem nos aproximar da paisagem, ao passo que os tons de azul nos afastam, nos levando a refletir sobre as palavras de Merleau-Ponty sobre a tentativa de Cézanne de, ao mesmo tempo em que se aproximava da natureza, também se afastava, numa busca constante de entendê-la, mas também de manter a distância, para através do estranhamento, engrandecê-la.

          Na verdade, Merleau-Ponty diz:


“Cézanne não acreditou ter que escolher entre a sensação e o pensamento,
como entre o caos e a ordem. Ele não quer separar as coisas fixas que aparecem ao nosso olhar e sua maneira fugaz de aparecer,
quer pintar a matéria em via de se formar,
a ordem nascendo por uma organização espontânea.” (4)

          Indo agora ao tema que me faz mover essas palavras no espaço em branco desse papel-tela, evoco as palavras de Rodrigo Naves, no seu texto “Quatro esboços de leitura”:

“A percepção originária, segundo Merleau-Ponty, e se aceita-se, ainda segundo Merleau-Ponty, que é ela que Cézanne busca e pinta, já é também expressão.
O problema da realização em Cézanne estaria aí. No que percebe já encontraria a expressão que ainda lhe cabe expressar no quadro.” (5)

          Se a visão de uma paisagem já é uma criação originária, uma expressão anterior à expressão secundária do artista, esse olhar do artista sobre a paisagem é criador em dois sentidos: no sentido primeiro, na percepção e criação original do olhar, e no sentido segundo, na recriação na tela dessa percepção original.

          Mas caberia ainda perguntar: essa expressão original do olhar não seria, na verdade, secundária à existência da paisagem em si, independente do olhar que a transforma em expressão original?

          Se assim for, a existência dessa paisagem em si independeria do olhar do artista, estaria lá na sua totalidade. O olhar do artista sobre a paisagem apenas inauguraria o olhar sobre a coisa, transformando o independente em uma paisagem relacionada a um olhar singular. Esse olhar singular seria totalmente subjetivo.

          Cada olhar singular sobre a paisagem a transformaria em uma paisagem que ofereceria uma pluralidade de olhares singulares, o que a subjetivaria ao infinito dos olhares.

          Assim, a paisagem primeira, que lá está, sozinha, abandonada dos olhares, seria transformada numa paisagem percebida, olhada e imaginada, porque a retenção da imagem na memória deveria conter alta dose de imaginação para que pudesse ser reconstituída na tela.

          Num terceiro momento, ao se transpor essa imagem olhada e percebida para a tela, teríamos uma tentativa de aproximação com a realidade primeira.

          Haveria então três expressividades em jogo: a expressividade primeira, a do mundo; a segunda, a percepção pessoal sobre a paisagem primeira; e a terceira, a linguagem da pintura.


“A expressão estética confere a existência em si àquilo que exprime,
instala-o na natureza como uma coisa percebida acessível a todos ou, inversamente, arranca os próprios signos – (...) a tela do pintor –
de sua existência empírica e os arrebata para um outro mundo.” (6)

Referências Bibliográficas:
(1)
"Coutagne, curador francês da exposição "Cézanne em Provence", apresentada em Washington, de 29 de janeiro a 7 de maio de 2006, centenário da morte do artista.
(2) Merleau-Ponty, Maurice, Fenomenologia da Percepção, pág. 266.
(3) Coutagne, curador francês da exposição "Cézanne em Provence", apresentada em Washington, de 29 de janeiro a 7 de maio de 2006, centenário da morte do artista.
(4) Merleau-Ponty, Maurice, A Dúvida de Cézanne, pág. 128.
(5) Naves, Rodrigo, Quatro Esboços de Leitura, pág. 147.
(6) Merleau-Ponty, Maurice, Fenomenologia da Percepção, pág. 248.